As 14 empresas portuguesas que participam este ano no Mobile World Congress não deixaram créditos por mãos alheias e apresentam tecnologias e serviços inovadores que se destacam mesmo no meio do ruído da maior
feira do sector.
Estreantes ou veteranos, as empresas portuguesas que este no optaram por reservar espaço em nome próprio fazem um balanço muito positivo da presença na
feira de Barcelona, que hoje encerra a exposição que reuniu
mais de 1.700 expositores em 8 pavilhões.
O TeK visitou todos os stands e recolhe as impressões dos primeiros dias de presença, entre semblantes cansados mas satisfeitos pelos dias de trabalho intenso .
As soluções e tecnologias inovadoras estão a despertar interesse entre os visitantes dos países que estão entre os “suspeitos do costume” mas também de regiões que estão a evoluir muito rapidamente nas tecnologias móveis, de cloud e segurança, e outros que vão ter em breve o desafio de organizar grandes eventos desportivos e precisam de soluções de gestão que se destaquem .
O Pavilhão 8.1, do mundo das Apps, é o que concentra maior presença portuguesa, mas também há um bom cluster de tecnológicas no pavilhão 7, presenças no pavilhão 2 , 5 e 6. E há muitas tecnologias e serviços que vale a pena conhecer.
Aptoide, Bluetrend Technologies, Cardmobili, Finesource, iMobile Magic, Kwame, Ndrive, OpenIdea, Streambolico, TIMWE, WeDo Technologies, WIT Software e Ubiware são as empresas com stand próprio e nas imagens abaixo pode ver alguns dos stands visitados.
Navegando página a página encontra informação das seguintes empresas:
Aptoide
Bluetrend Technologies
Cardmobili
Finesource
iMobile Magic
Kwame
Ndrive
OpenIdea
Streambolico
TIMWE
WeDo Technologies
WIT Software
Ubiware
Aptoide
A Aptoide repete este ano a sua presença no MWC, mas já com milhas percorridas que fazem com que esteja a conseguir o alcance global desejado. Esta é a
feira mais importante
para a
empresa que aposta num marketplace Android, mas soma-se já a outras presenças em eventos internacionais
como a CES, GSMA Mobile Asia Expo e Hong Kong Electronics Fair.
Paulo Trezentos, um dos fundadores do projecto, explicou ao TeK que a
feira está a correr muito bem, melhor do que as expectativas, e que têm sido geradas boas possibilidades de contacto e até de negócio através de visitas ao stand.
“Mesmo uma conversa que inicialmente parecia informal deu mas tarde lugar a uma reunião com o CTO de uma grande
empresa que está interessado na nossa solução e vai convidar a Aptoide
para participar numa consulta”, referiu.
A plataforma Aptoide é o principal chamariz do stand localizado no Hall 8.1, dedicado ao mundo das apps. Apostando numa postura
mais B2B, a divulgação centra-se na solução "Aptoide Partners Program", destinada a Android OEMs, onde é fornecida a tecnologia e apps
para criarem a sua própria App Store Android; e uma solução
para Publishers Android, em que promovem as Apps dos clientes, apoiando assim o aumento de downloads.
A
empresa lançou ontem um novo site Web e prepara agora a apresentação da versão Beta do Aptoide V5
para Android.
Bluetrend Technologies
A estreia
como expositor no MWC, no Pavilhão 6, entre grandes nomes da indústria posiciona a Bluetrend Technologies com a ambição que a
empresa quer ter a nível global.
Até agora o perfil usado
para as viagens a Barcelona tinha carimbado nos cartões de acesso a palavra visitante, que dava a liberdade de conhecer tendências, desenvolver parcerias e estudar a dinâmica do evento. Agora a aventura é assumida com um expaço de expositor.
“A participação da BTT no Mobile World Congress é de extrema importância
para o desenvolvimento do seu negócio e
para a afirmação da marca Bluetrend no âmbito internacional, pois o evento reúne os players
mais importantes do segmento, onde se encontram todos os líderes mundiais, empresas e responsáveis políticos, no que respeita a tecnologias de telecomunicações”, afirma Nuno Ivo Fernandes.
O passo agora dado excede as expectativas iniciais, e a um dia do encerramento da
feira Telmo Lopes admitiu ao TeK que receberam pedidos de informação dos
mais variados países, nos quais não acreditavam que pudesse surgir tanto interesse, nomeadamente a África do Sul e Kuwait.
“O que estes clientes procuram é uma solução completa que integre a venda de bilhetes, o acesso ao local do evento e a venda cruzada com hotéis e outros serviços de hotelaria. E nós temos esta solução pronta a usar, em demonstração aqui com o torniquete”, justifica.
Na lista de produtos que a Bluetrend está a divulgar encontram-se o Mobiticket, o WaW - Wallet any Where e o ParkNow.
Cardmobili
As visitas ao Mobile World Congress começaram em 2010, mas este é o primeiro ano em que a Cardmobili tem um stand próprio na feira.
Com a lição bem estudada de casa, a
empresa tem os dias muito completos com reuniões marcadas com operadores de todo o mundo, e contactos ao nível de decisores.
“Temos participado
para estabelecer contactos, conhecer novos players e fazer reuniões; saímos sempre de Portugal com uma agenda pré-definida e o
mais completa possível. Este ano decidimos investir
mais ainda e ter um stand próprio que nos permite reforçar a nossa presença e apresentar os nossos produtos com muito
mais força e, esperamos também, resultados “, explicou ao TeK Helena Leite.
E esse planeamento estendeu-se à criação de um cartão especial MWC - uma Carteira Digital – e cupões digitais com ofertas no stand
para os potenciais clientes, uma iniciativa que está a gerar interesse, adiantou ao TeK Rui Nogueira.
Sem ter um produto novo a Cardmobili está a comunicar os seus cinco produtos tecnológicos
para a carteira digital: M|Loyalty, M|Offers, M|Communication, M|Shopping e M|Payments, e fez ainda atualizações às suas apps
mais importantes, nas plataformas iOS e Android.
Finesource
Focada em soluções de comunicações unificadas, a Finesource é uma marca criada dentro da Wavecom
para trabalhar esta área específica, e a presença no MWC tem
como objetivo ajudar a projetar a marca criada em 2011.
Em Portugal a Finesource já trabalha com a Zon e a GoTelecom, mas a ideia é alargar esta experiência a nível internacional,
como adiantou ao TeK José Ferreira, CEO da empresa.
“Esta é uma área nova na Wavecom e precisamos de a dar a conhecer aos clientes”, sublinha, justificando a estreia no MWC.
Em termos de novidades a aposta
para este ano é a possibilidade de trabalhar com MVNOs, e a Finesource está à procura de operadores médios ou pequenos, aos quais as suas soluções se ajustam de forma
mais eficiente, apesar de ainda existir algum desconhecimento e receio. “Há alguma retração no mercado em relação a estes produtos. Muitas vezes temos de ir com os operadores aos clientes explicar as vantagens”, refere o responsável pela marca.
Objetivos concretos
para a feira? É fácil: “se conseguirmos tirar daqui uma lead que dê negócio já nos damos por satisfeitos”, explica José Teixeira.
iMobile Magic
Visibilidade e credibilidade da marca e do produto perante os clientes (atuais ou novos) são palavras chave na estratégia que ditou a presença da iMobile Magic no Mobile World Congress.
“Ter uma presença no MWC é uma oportunidade única de poder ter e demonstrar o nosso produto ao vivo perante pessoas influentes da indústria, media especializado e potenciais clientes”, explicou Marco Leal ao TeK.
Nesta estreia
como expositor, a ideia é poder avançar com oportunidades que já começaram a explorar anteriormente, reunindo presencialmente com os potenciais interessados e criar também novas oportunidades. E ao terceiro dia de exposição a impressão de global era positiva, com reuniões marcadas
para além do que já estava planeado e um sistema de transmissão de informação sobre as soluções da
empresa em modo “boca a boca” a funcionar a favor da iMobile Magic.
O principal foco das soluções da
empresa é o PhoneNear, uma solução
para operadores móveis que pretendem oferecer novos serviços de localização e proteção familiar ou novos serviços de voz e mensagens aos seus clientes. A vertente de Family Safety e de Virtual Device complementam a solução.
Na
feira a iMobile Magic aproveitou
para lançar a nova versão 2.0 do PhoneNear e anunciar acordos com dois novos operadores móveis.
Kwame
A Kwamecorp não consta da lista de empresas listadas no evento
como portuguesas. Também não tem clientes por cá, mas leva à maior
feira mundial de telecomunicações móveis uma história já longa
para contar de projetos de referência a nível internacional.
Com escritórios em Lisboa, Londres, Nova Iorque, São Francisco e Seul, esta agência de inovação, que também é uma incubadora de startups, tem na lista de clientes organizações
como a Samsung, de quem tem sido parceira em vários projetos. É da responsabilidade da companhia portuguesa o design e implementação dos elementos ligados à sensibilidade na penúltima geração do smartphone topo de gama da marca, o Galaxy S4, e acontece o mesmo com os serviços de media integrados no equipamento. A ferramenta Social Hub é um dos exemplos concretos do trabalho da Kwame no S4.
A
empresa está também ligada a outros projetos de referência
como o holandês Fairphone e tem na lista de clientes
mais nomes sonantes,
como a Intel.
Portugal é o quartel-general da companhia e o local se fixam metade dos 55 colaboradores, muito
mais por uma questão de estilo de vida e paixão pela cidade e muito menos (ou mesmo nada) pela exigência do negócio, já que a Kwamecorp não tem nenhum cliente no país.
A questão não preocupa Kwame Ferreira, CEO, que explica a ausência de clientes locais com as diferenças de posicionamento e interesse, entre aquilo que a agência tem
para oferecer e aquilo que as empresas portuguesas procuram nessas áreas.
No Mobile World Congress a Kwamecorp mostra soluções e serviços desenvolvidos
para clientes,
como é o caso do trabalho em torno do Fairphone, mas também apresenta a ofertas das startups investidas pelo fundo do grupo, projetos que na maior parte dos casos nasceram no seio da organização. A novidade
mais recente é a Loklok, uma aplicação
para Android que foi lançada durante a
feira e da qual o TeK hoje já falou.
Ndrive
A Ndrive é uma habitué do Mobile World Congress, onde tem marcado presença nos últimos anos, e bem conhecida dos leitores do TeK através das notícias sobre o software de navegação que fez o caminho dos tradicionais dispositivos dedicados de GPS
para o mundo dos smartphones.
“A presença numa das feiras com
mais impacto Mundial é uma delas. É crítico mostrar aos parceiros atuais e potenciais que a NDrive se mantém na linha da frente em termos de soluções B2B”, explica Luis Soeiro, marketing manager da empresa.
Apesar dos ganhos que se obtêm com este tipo de eventos só poderem ser calculados a médio prazo, com um tempo de maturação de 1 a 2 anos até à efetivação do negócio, o responsável de marketing admite que as leads que emergem destas presenças podem resultar em parcerias futuras.
Além de reforçar a divulgação do produto
mais recente – o NLife, uma solução de navegação offline – o objetivo da NDrive passa por expor os casos de sucesso que a
empresa tem colecionado nos últimos anos, com parceiros
como a PT, a Mappy e a Oi. “Estas parcerias só são possíveis devido à qualidade do produto, à sua flexibilidade em termos de monetização e de modelos de negócio”, lembra Luis Soeiro.
Open Idea
A marca da PT
para os negócios internacionais apostou este ano num stand
mais “aerodinâmico”, que conjuga espaço de exposição com sala de reuniões, útil
para os encontros agendados.
O enfoque está centrado na tecnologia móvel e cloud, com a meta apontada
para a criação de parcerias e comercialização dos produtos,
como já aconteceu em presenças anteriores, que se realizam desde 2006.
“É um evento que nos dá uma visibilidade que dificilmente se conseguiria noutro evento e o número de contactos que se estabelecem e consequentes oportunidades geradas, são fundamentais
para uma estratégia de crescimento e afirmação internacional”, refere fonte da empresa.
Todo o stand dirige os visitantes
para o conceito de Smart Cities, que abrange as ofertas de Smart Telco e Smart Cloud com a plataforma de cloud in a box. O segmento de Smart Working e Smart Living são outras das áreas onde a
empresa está a apostar e a mostrar soluções na feira.
Streambolico
A presença da Streambolico no Mobile World Congress em 2014 foi uma estreia. Com menos de dois anos de vida, a
empresa desenvolveu a tecnologia que suporta a solução escalável de streaming de vídeo sobre Wi-Fi mostrada na feira.
A principal característica da tecnologia é o facto de permitir acomodar até 10 vezes
mais utilizadores em cada hotspot, face ao que possibilitam as soluções
mais tradicionais. É uma solução que está direcionada
para espaços de grandes eventos e é apresentado pela
empresa como uma nova oportunidade
para monetizar as infraestruturas Wi-Fi nestes espaço, abrindo caminho a novas formas de anunciar, por exemplo.
Do ponto de vista do utilizador, a solução multicast pode permitir o acesso a imagens de um evento em diferentes perspetivas, ou a repetição de imagens capturadas pelas câmaras que fazem a cobertura do evento.
A Streambolico é um spin-off do Instituto de Telecomunicações da Universidade do Porto. Teve
como primeiro cliente uma
empresa americana, mas hoje comercializa a solução
para clientes em
mais países,
como Portugal ou a Alemanha.
A passagem pelo Mobile World Congress,
como explicou ao TeK Rui Costa, CEO e co-fundador do projeto, é um passo no processo de internacionalização da empresa, que tem dado outros no mesmo sentido.
A grande aposta no momento passa pela criação de uma rede de distribuidores que assegure a comercialização da solução em vários mercados. Foram já estabelecidos acordos de distribuição com duas empresas no mercado alemão e a
empresa está agora a desenvolver esforços no mesmo sentido
para outros mercados,
como o norte-americano ou britânico.
Já na reta final do evento, Rui Costa faz um balanço muito positivo da participação e regista a manifestação de interesse de várias empresas na tecnologia desenvolvida pela startup portuguesa e antecipa oportunidades de parceria.
TIMWE
Com 98% do negócio feito no mercado internacional e presença em várias geografias, a TIMWE não abdicou do cunho português na sua presença no MWC 2014.
Vários anos de participação enquanto visitantes, sempre com uma agenda repleta de reuniões com clientes, fez com que a
empresa decidisse este ano avançar
para a reserva de um espaço físico. Mas em vez de o dedicar à exposição, com um stand aberto, a tecnológica apostou num espaço de reunião no Hall 2, com agendas muito preenchidas e “encaixadas” de forma quase milimétrica.
“Tínhamos sempre alguma dificuldade em encontrar espaços
para as reuniões dos nossos colaboradores que vêm de vários escritórios que temos espalhados no mundo e desta forma conseguimos ultrapassar esse obstáculo”, afirmou.
Para “animar” a TIMWE associou-se também a uma das maiores festas do circuito MWC – a MEF Connect MWC – onde recebeu os seus convidados VIP e executivos de topo do mundo mobile.
A
empresa é já um dos players de referência na área das soluções
para mobile, em marketing, entretenimento e pagamentos, mas a aposta no MWC faz todo o sentido. “[No MWC] encontramos todo o nosso ecossistema, entre operadores móveis, grandes marcas, fornecedores de conteúdos, concorrência, etc. Reunimos com a maioria e aumentamos as nossas oportunidades de negócio por estar no local certo, à hora certa”, afirmou Maria Jordão ao TeK.
Mesmo sem stand aberto a TIMWE conseguiu “espaço mediático” através da comunicação de uma parceria com a Oorodoo, um operador do médio oriente, que foi oficializada na feira.
WeDo Technologies
A WeDo Technologies tem uma das presenças lusas
mais antigas no Mobile World Congress, com stand próprio desde o tempo em que ainda se realizava em Cannes, logo nos primeiros momentos da fundação da
empresa em 2002. Este ano no pavilhão 7.
Sérgio Silvestre admite que a presença na
feira tem impacto em termos de posicionamento estratégico e depois naturalmente em termos comerciais e de relacionamento com clientes, parceiros, jornalistas, analistas e fornecedores. E é o maior investimento anual da
empresa em eventos.
A tecnológica que foi reconhecida pela Gartner
como número um na área de Revenue Assurance e Gestão de Fraude e está entre os 50 maiores fornecedores mundiais do sector das telecomunicações não aparece listada entre os expositores portugueses por uma questão burocrática de faturação, feita
para a morada da WeDo no Reino Unido.
O Business Assurance RAID é o principal destaque no stand, perto dos pastéis de nata e do vinho do Porto que mostram a quem tiver dúvidas que a
empresa continua a ser bem portuguesa.
No MWC a
empresa lançou o RAID:FMS 7 que garante uma visão global da fraude na empresa, reunindo numa única plataforma todos os dados que ajudam os operadores a resolver ameaças de risco associadas a novos produtos e serviços.
O interesse demonstrado é grande e a agenda bastante preenchida, com várias reuniões não calendarizadas a acontecer, a par de uma definição pré programada antes do início do MWC que ocupa pelo menos 60% do tempo dos executivos da WeDo.
WIT Software
O lugar de expositor é garantido pela WIT Software desde 2006 em Barcelona, e este ano a “bandeira” da
empresa foi hasteada no Hall 6, stand 6C60.
Com soluções dirigidas maioritariamente ao mercado internacional – com as exportações a representarem 80% da faturação – a WIT Software define a presença na maior
feira de telecomunicações do mundo
como obrigatória.
A agenda de reuniões é intensa durante os 4 dias de exposição e congrega um planeamento bem definido previamente,
para rentabilizar o investimento que foi de cerca de 70 mil euros.
“Sabemos bem funcionar com este modelo e temos a agenda muito cheia. Não há lugar
para reuniões ad hoc”, explicou ao TeK Luis Silva, CEO da tecnológica.
Para a
feira a
empresa reservou espaço
para vários anúncios, entre os quais de uma solução de comunicações que pode ajudar os operadores a conquistarem terreno às OTT, o que ganha maior dimensão depois da recente compra da WhatsApp pelo Facebook.
Ubiware