Entrevista para dissertação de mestrado sobre Narrativas publicitárias nas redes sociais

Entrevista para dissertação de mestrado sobre Narrativas publicitárias nas redes sociais

Entrevista para dissertação de mestrado sobre Narrativas publicitárias nas redes sociais

Entrevista realizada a Luis Cordeiro (Bydas), no âmbito da dissertação de mestrado de José Novo (Universidade do Minho) relativamente às práticas das agências de comunicação com as marcas nas redes sociais.

O excerto da entrevista é aqui reproduzido:

1- Quando constroem uma mensagem, constroem para um nicho de mercado ou para a comunidade em geral? Como estudam o consumidor e qual o seu impacto na construção da mensagem?

Em relação à primeira pergunta, a questão da mensagem eu acho que cada caso é um caso, nós trabalhamos para o mercado de consumo e para o mercado corporativo. Portanto podemos estar a trabalhar para uma marca de roupas, uma loja online, como para redes de comunicação corporativa e depois dentro disto, para nichos ou para áreas bastante amplas de mercado. Cada caso é um caso, a mensagem tem de se adaptar ao cliente que está em causa. Sentimos que temos de estudar não só o consumidor mas também o próprio cliente, às vezes é mais interessante estudar o cliente. O consumidor tem um padrão muito normal, muito claro, em geral o comportamento que ele vai tendo nós conseguimos analisar em várias dimensões da nossa sociedade, agora o próprio cliente é mais curioso, porque na nossa área há clientes que estão mais por dentro do que é a economia digital do que outros, e há situações que são quase patéticas no que é a publicidade online, por desconhecerem muito do que se está a passar e não conseguem sequer fazer uma análise critica de quais são as suas necessidades neste momento e então, por vezes, recebemos alguns pedidos completamente irracionais. Mas claro, depois há cada vez mais casos, e felizmente, em que o nosso cliente entende o que precisa na área do digital e entende o que o seu consumidor mais necessita e consegue-nos passar o briefing correto. Ou seja, nós temos um pedido e temos quais as necessidades reais da marca ou da empresa neste caso, para nós conseguirmos apresentar uma solução que possa resultar em algo bom para todos, e depois passa claramente pela análise de mercado do consumidor final. Voltando ao início da pergunta, não é difícil, obviamente há determinados nichos, a única parte mais complicada é mais nos mercados internacionais, porque é um desafio para nós, a parte mais interessante no meio disto tudo, porque o consumidor está já muito bem tipificado, sabemos mais ou menos o que vai acontecer, a não ser os nichos que são mais complexos mas onde realmente se torna mais complexo e isso é um desafio real da nossa empresa é nos mercados internacionais, é lá fora. Repare temos um cliente cubano, é curioso tentarmos perceber como é que vamos resolver questões para o consumidor final, um cliente cubano em que estamos cheios de preconceito como funcionam as coisas em cuba, depois temos que analisar se é tudo assim ou não é, e isto sim é um grande desafio. Agora no mercado português as coisas estão bastante claras.

2- Que mudanças o digital trouxe ao dia a dia das vossa agência? E das marcas?

A nossa empresa sempre foi digital, posso é dizer que pela experiência de ter trabalhado no offline, um dos problemas no mercado e ao mesmo tempo uma das revoluções foi transformar muito as tradicionais empresas de informática e estúdios de web design, levá-los um bocado à área da comunicação porque tinham valências óbvias no mundo digital e começou a entrar uma coisa que eram as agências digitais. Uma coisa que há oito anos ninguém sabia o que era, e de repente andam por todo o lado, as agências digitais, as agências online, toda esta dimensão não existia e de repente começam a aparecer. Muitas vieram de tradicionais empresas de tecnologias da informação e comunicação, realmente a comunicação estava lá mas tecnologia parecia que era pesada. Houve uma grande migração e no entanto às vezes a nível de recursos humanos isso não acontecia bem porque mantinham-se apenas engenheiros e faltava ali um peso. Então as empresas tiveram de se adaptar, redefinir a nível dos recursos humanos, depois todas as empresas que nasceram de raiz com este conceito, nasceram ao contrário, nasceram apenas só com gente de comunicação que nada sabia de tecnologias, ou seja, de um lado apenas empresas tecnológicas do outro apenas empresas de comunicação. Hoje em dia já se começam a ver empresas equilibradas, mas as primeiras empresas que apareceram notava-se muito isso, ou seja, era muito difícil fazer publicidade digital porque em primeiro o mercado estava muito virgem, as valências estavam muito extremadas, por um lado haviam empresas que vinham da área tecnológica, que sabiam montar sites muito bem etc., mas que depois não tinham capacidade criativa, por outro lado tínhamos gente muito criativa na área da comunicação que nada conseguia fazer, não tinham valências para desenvolver nada. E, isto foi uma situação complicada no mercado durante algum tempo até claro a publicidade digital começar a crescer muito. Quando se começou a ganhar muito dinheiro isso não foi impedimento para ninguém, por isso, principalmente no mercado de Lisboa, começaram a aparecer grandes empresas com os recursos todos necessários para colmatar este problema de mercado.

3- Atualmente, é uma aposta das marcas a publicidade nas redes sociais ou os métodos tradicionais ainda são a principal aposta? De que forma as marcas recorrem às redes sociais para contar as suas histórias?

Nós já não trabalhamos tanto em redes sociais como já trabalhamos hoje em dia mas, a maior parte das experiências que temos tido acho que se centra muito, acho que não é só a questão do storytelling mas é mais a questão da comunidade, de terem feedback diário. Hoje em dia há urgência, vivemos neste mundo de urgência, de feedback, de informação, as pessoas parece que contam os likes todos que vão tendo na página, e há uma urgência de feedback, de recebermos essa informação e todos temos essa urgência, e as empresas também têm e num site corporativo a única informação que eles têm é se recebem um contato informativo através de um formulário e pronto não estimula muito, e nas redes sociais há uma maior proximidade com o consumidor e obviamente que conseguem perceber, estimula mais o ego corporativo e acho que passa muito por aí. Obviamente que, depois podem-se contar coisas muito bonitas, há volta disso, de que a empresa quer passar uma mensagem, há casos claro que sim. Quando temos uma marca que está sobre conceitos muito fortes é muito fácil, até de brincarmos e aí a mensagem realmente é original. Há muitos casos de que queremos realmente partilhar coisas novas e pôr toda a gente a rir, pôr toda a gente a pensar, é verdade, mas a maior parte daquilo que se faz em redes sociais e pensando que as marcas são apenas um bocadinho do tecido empresarial em Portugal, do tecido corporativo português porque a maior parte das páginas corporativas são comunidades sem qualquer vinculo corporativo ou apenas empresas, simplesmente tem lá uma página com quinhentos seguidores e vão pondo lá algumas publicações que não interessam a ninguém. Não há um interesse de passar mensagem, há apenas um interesse de replicar informação que já está no site e às vezes fazer só umas palhaçadas. Depois, no meio deste universo todo, há um bocadinho que são as marcas, mas também não temos assim tantas, pelo menos, que possam investir dinheiro a sério e ter um coppy writter que possa estar a desenvolver umas coisas interessantes e um designer dedicado àquilo, muito pouco. E das que há, se calhar, só metade é que é capaz de produzir coisas interessantes, que possam dar algo de valor acrescentado ao produto, de resto, acredito que não haja assim tanto.

4- Em que medida a publicidade online revolucionou o seu modo de atuar?

Obviamente como a empresa faz publicidade digital é a minha forma de ganhar dinheiro, não há muito mais a dizer. Agora, essa pergunta é mais interessante do ponto de vista pessoal. De que forma é que a publicidade digital, ao comum das pessoas interfere no seu dia a dia? E depois, como talvez isso é um desafio para as empresas? Eu como tu, como qualquer outra pessoa, se vai ao Google procurar, por exemplo, Palma de Maiorca, vou ao edreams ver preços e depois decido ver isto noutro dia. Vamos para o Facebook e de repente começamos a ver publicidades oportunidades, para Maiorca, que é uma coisa que nós chamamos de Re-marketing. Isto é uma das coisas que mudou a nossa forma de estar na Internet sem nós nos apercebermos, porque ao contrário de outro tipo de publicidade, não quer dizer que não seja insistente, porque às vezes nós não entendemos esta gente às vezes gasta aqui dinheiro em outdoors e às vezes não entendemos porque é que isso serve, qual é que é o interesse, claro que interessa da mesma forma que nós temos agora estas experiências de Re-marketing na internet. Nós temos uma ideia e eles vão atrás de nós até nós comprarmos aquilo e isto tem uma estatística, nós sabemos que o Remarketing, às tantas, vinte por cento das marcas caem nesta ratoeira. Isto molda um bocado o nosso dia a dia como pessoa na forma de nós comprarmos e aqui a publicidade digital atingiu o ponto alto, que até aqui andamos um bocado perdidos. As marcas desconfiavam porque lhes faltavam todas as ferramentas capazes de otimizar ao máximo o seu investimento. Com isto, as marcas chegaram a um ponto em que as marcas confiam na internet e percebem que isto é uma ferramenta muito boa para elas. Eu, pessoalmente, detesto isto e não luto na internet por este tipo de situações, mas obviamente que eu entendo que às marcas isto lhe interesse muito, e isto por sua vez, também revoluciona um bocado o mundo da empresa porque começa a dar credibilidade à publicidade digital. As empresas começam a olhar para nós de uma forma mais correta e levam isto a sério. Dá-nos alguma autoridade para podermos apresentar um produto como as agencias tradicionais, que os outdoors e os mupi e a televisão davam muita autoridade, se bem que obviamente o caso da televisão ainda é um caso que não se consegue ultrapassar.

5- Como é que a interatividade que a publicidade nas redes sociais abrange é implicativa para as narrativas da publicidade?

O Storytelling é a parte mais importante de tudo isto. Do ponto de vista corporativo é falso que as empresas, que as marcas, estejam muito concentradas. Se formos à Internet há muito poucas empresas ou marcas que estejam a investir realmente nisso, muito poucos exemplos, há extremamente muito medo. Há muitos casos que correram muito mal em Portugal, porque há questões. Há muito medo de passar a responsabilidade de marcas que têm uma tradição longa a um criativo de vinte e três anos, que se põe autenticamente a ajavardar a mensagem, em que os donos dessas empresas, por muito que tenham orçamentos e depositem esses orçamentos nessas agências grandes para eles gastarem e porem uma equipa inteira a escrever três parágrafos e claro são agências muito reputadas, mas os clientes acabam sempre por ter muito medo e censurar muito. É muito difícil porque depois aqui, e estamos em âmbitos geracionais e as lideranças de grandes empresas não conseguem entender determinadas coisas que, às tantas, essas marcas que, por exemplo, estão mais ligadas à juventude necessitam e então há muito medo. Obviamente que há mensagens muito interessantes e ainda me lembro da Yorn que geram mensagens muito interessantes, completamente absurdas que às vezes podem ser controversas quem leu nas entre linhas, mas que vão conseguindo fazer alguma coisa realmente interessante em Portugal. De resto, é tudo cópias principalmente do mercado brasileiro literalmente, nós copiamos muito o mercado brasileiro e não é só copiar é que temos muito coppy writters brasileiros em Portugal, quer para as novelas, quer para a publicidade. O Brasil produz muita publicidade, são muito bons em publicidade e é normal que quase todas as grandes agências de Lisboa, e não estou a falar do Porto, porque o Porto é outro cenário completamente diferente, está tudo muito minado pelos brasileiros, no bom sentido até porque aí eu acho que eles aí ajudam bastante, mas obviamente inspiram-se no seu país, não é cá e tudo o que é mais forinha são eles que o fazem e a verdade é esta. Eu sou um crítico, eu acho que há muito pouco. Devia haver muito mais trabalho de storytelling e na realidade quem tem feito muito trabalho de storytelling são os anonymous people, ou seja, as pessoas comuns, como este último do fitness, um personal trainer que decidiu fazer uns vídeos no Youtube e depois tem uma página no Facebook muito bem cimentada, que foi fazendo umas coisas bastante interessantes e que geram aqui um storytelling bastante interessante, que obviamente apanha aqui uma franja enorme da população com preocupações com o fitness e que vêm os seus vídeos e treinam de acordo com eles. E ele vai aqui, nisto tudo, vai passando a sua mensagem com um conceito muito vincado, sempre da saúde e do bem estar, mas ele não é nenhum publicitário, não tem ninguém da publicidade por trás, é apenas uma pessoa comum e aqui as redes sociais são muito importantes para os individuais. E é aqui que eu acho que está a mensagem original não é nas empresas, nem nas marcas e muito poucas estão a fazer mensagens deste género. Tudo o que está a sair em empresas é tudo demasiado estudado, demasiado censurado, tem tudo muito medo de que alguém reclame ou por questões de racismo, de xenofobia, há sempre uma entre linha onde se pode ir buscar. Então, acaba por ser tudo muito maçudo. Há realmente poucas marcas a fazer, e falo da Yorn por exemplo, e mais dois ou três casos em que realmente há algum interesse em ser original, de resto esta parte do storytelling não é das agências curiosamente, obviamente há algumas que depois vão buscar essas personagens e até gerenciam os sites e esses canais que eles têm, às vezes até de borla, no sentido de continuar com esses canais e ainda pagam às pessoas para continuar com esses canais. Mas, às vezes, só para conseguirem colocar um anúncio no meio de um ginásio qualquer, outros de umas fibras quaisquer, é isto que acontece na realidade, agora o storytelling não tem nada a ver com as agências, são as pessoas, power to the people. 

6- Quais os principais desafios que a publicidade nas redes sociais colocam aos publicitários e às marcas? E os principais obstáculos?

Os principais obstáculos são as próprias marcas, vamos ser realistas, eu entendo as razões das marcas em Portugal. Quando houve o boom das redes sociais, há uns cinco anos atrás, houve muitos entusiastas mas também houve muitas empresas com muitos problemas, houve com a EDP, com a Worten e houve mais alguns casos que correram muito mal, porque existia uma forma editorial nas redes sociais que era de se alguém reclamar apaga-se o comentário e está a andar, isto falhou completamente. Uma coisa que eu sempre estive contra é que se criticarem deixem criticar, agradece-se a critica e “toca a andar” para a frente, a seguir é o efeito máscara que é alguém critica o nosso último post e nós lançamos mais dois a seguir para aquela mensagem que correu mal ficar diluída no meio daquilo, agora apagar nunca se deve apagar e inicialmente o grande erro foi, lá está politicas editoriais muito regidas. As empresas não querem ver ninguém a reclamar com eles e isto não pode ser. Nós se formos à booking.com, a nível de reservas de hotéis, nós vemos absurdos, há gente que realmente critica bastante determinados hotéis e não os vemos a apagar nada, isso não se pode fazer e as marcas claro não conseguiram assumir isso, acho que aqui há muita culpa das marcas, mas também, há desafios realmente interessantes pela frente que eu acho passa muito, por uma coisa que estás a insistir que é o storytelling, acho que o storytelling e estou completamente de acordo, tem de ser mais trabalhado pelas marcas de uma forma muito mais original. As marcas começarem a usar estes canais sociais não apenas como réplicas a seu favor de comunicação corporativa, mas como canais realmente diferentes, ou seja, esquecer um bocado o que nós andamos a fazer e concentrarmo-nos em algo que as pessoas gostem e que faça parte da vida das pessoas e ir associando a mensagem da empresa aí. Acho que isto tem muito mais interesse do que estarmos simplesmente a pormos as promoções, porque se não isto chega a um ponto que as pessoas não lhes interessa, não querem saber, as pessoas querem é realmente ajuda e inspiração para o seu dia a dia e acho que as marcas podem dar mas há muito medo e acho que isso tem muito a ver com o desafio que está pela frente, mas não depende tanto de nós, depende mais das marcas.

7- A nível interno, que tipo de adaptações das narrativas tiveram de proceder?

Eu podia-te responder reumaticamente mas vou ser muito direto, isso depende. Nós não trabalhamos para muita gente, não somos aquelas empresas que temos uma conta, que temos três ou quatro contas e vivemos com isso. Nós trabalhamos com muitas empresas e não há um caso, depende muito para vários países, para várias empresas, para empresas de consumo, para b2b. Portanto no nosso caso não faz muito sentido responder a esta pergunta.

8- Na sua opinião, acha que estamos a assistir a uma mudança da narrativa publicitária, ou seja, acha que a mensagem se alterou de alguma forma em relação a anos transatos? Se sim, qual? Como afetou o dia-a-dia da empresa? Que resultados proporcionou?

A comunicação das empresas tem estado a evoluir de forma natural em relação às redes sociais, mas não nos vamos concentrar só nas redes sociais, tem no fundo feito que o mercado exista, vê-se evoluções interessantes mas acho que há muito monopólio do que supostamente, é boa comunicação que está completamente concentrada em Lisboa e depois nós, que estamos aqui no Porto, nem sequer temos acesso a esse tipo de comunicação, de massas total. Há dois ou três casos que nós temos na nossa história mas não são coisas que nós realmente possamos comparar com os gigantes. De resto, o nosso trabalho é muito mais concentrado em objetivos concretos. Estamos aqui a falar muito em marcas mas as marcas é uma realidade que não vais encontrar muito aqui no Porto. As marcas que podes ouvir trabalham dois ou três e coisas às vezes pontuais nem são as grandes contas, nós não são somos as empresas que recebemos grandes contas de cinco milhões, dois milhões de euros como a Ogilvy e todas essas grandes multinacionais que estão em Lisboa. Essas é que recebem essas grandes quantias para poderem ficar com as contas dessas grandes marcas e definir estratégias. Nós acabamos por ser um pouco mais operacionais aqui, tentamos inovar, criar coisas novas e as marcas claro vão espreitando, estão sempre à procura de novas soluções e nós aqui tentamos que de vez em quando nos encontrem e que possamos fazer parte da marca numa ou noutra situação, numa ou noutra iniciativa. Agora esta pergunta é realmente complicada porque nunca podemos ombrear, faz sentido ser colocada a uma agência grande essa pergunta.

9- Como é que a agência e as marcas fazem storytelling no seu dia-a-dia? Para que recorrem a esta técnica e porquê? Quais os efeitos inerentes ao storytelling? E quais as principais mudanças?

É muito mais que evidente que as únicas coisas que têm sucesso hoje em dia no Facebook são os anónimos que têm feito alguma coisa realmente interessante e que as pessoas seguem e que as pessoas se identificam. As marcas estão realmente a comunicar muito mal no Facebook porque se um anónimo falha ou diz uma asneira, a culpa é dele e não vai acontecer nada, ninguém se preocupa. Se uma empresa falha e diz uma asneira cai-lhe toda a gente em cima e processos, etc.. Por isso, as empresas na realidade agora a estratégia e eu creio que vai ser a estratégia dos próximos cinco anos é as empresas desinvestirem mais nos seus canais e fazerem realmente publicidade. E reparem, o Facebook é mais que tudo uma estratégia de marketing e comunicação. Uma estratégia de publicidade de Facebook, às tantas, é mais nós encontrarmos os parceiros corretos para sobre eles pormos a nossa mensagem. O exemplo que eu dei desse personal trainer para mim, esse é que é um potencial canal de potencialidade, não é irmos lá por os posts, porque isso para mim é o marketing corporativo corriqueiro, não estamos aí a falar realmente de alguma estratégia de publicidade, é um canal formatado, para aquilo e pouco podemos sair dali. Acho que a publicidade é muito mais e depende muito das estratégias e tudo depende de uma mensagem e quando tens um canal completamente formatado não consegues fugir a essa mensagem. É por isso que às vezes eu vejo grandes trabalhos publicitários naqueles mupis, que nós estamos habituados aos mupis que é uma folha de papel enfiada lá dentro da camara e de repente aparece-nos um mupi que todo tapado, que tem um buraco e nós olhamos e isso para mim é que é a mensagem publicitária, quando nós quebramos com regras, tudo o resto é propaganda. Mas, eu acho que os brasileiros distinguem muito bem as coisas, é mais que tudo a propaganda, temos um produto temos de o vender, temos que o distribuir, criar a mensagem, mas a mensagem nova e original é que comove a mensagem. Definirmos alguma coisa nova e acho que as marcas aí, é que têm cada vez mais de procurar os mensageiros, os opinion makers que estão espalhados pela rede, são as pessoas, é o poder às pessoas que o simples anónimo consegue arrastar a marca. Só que isto é um bocado pervertido porque as marcas aproveitam-se disso mas depois também a pessoas sai de moda, dizem adeus e vão para outra, mas faz parte, isto é o neoliberalismo em funcionamento.

Contributos

Eu acho que estás a centrar demasiado as redes sociais e no coppy writter para redes sociais, acho que o mundo da publicidade online é muito, mas muito mais que isso, faltam coisas como o canal mais importante atualmente, não é o Facebook para a publicidade, é na realidade a pesquisa, e saiu uma noticia a semana passada que a Google pagou à Apple só para poder ser o motor de busca nos Iphones, mil milhões. Obviamente as redes sociais são importantíssimas e são um dos pilares atualmente mas, a pesquisa ainda é a mais importante e vai continuar a ser mas que vai passar para os assistentes pessoais e vai haver aqui uma mudança de paradigma. Ou seja, neste momento a pesquisa é parte importante de tudo, mas estamos no advento dos assistentes pessoais, que é nós temos o nosso telemóvel e termos um avatar que comunica connosco e que nos ajuda nas nossas tarefas do dia a dia, o siri, como sabes já temos os protótipos daquilo que virá a ser, e toda a gente entende que isto é uma questão de anos e vamos ter os assistentes pessoais que vão fazer exatamente a mesma coisa que os motores de pesquisa. Porque é que tu se queres encomendar uma pizza tu vais escolher a Pizza Hut ou vais escolher a Telepizza? Vai ser o Siris que vai decidir isso por ti e essa parte é interessantíssima aqui porque vai influenciar muito mais que os motores de pesquisa, porque enquanto que os motores de pesquisa recebemos e vamos ter opção, a ideia dos assistentes pessoais é tirar-nos poder de decisão, e essa decisão vai ficar um bocado ligada a interesses económicos, se tás a usar a siri e estiver associada a Telepizza vai recomendar-te a Telepizza, a não ser que tu digas não siri quero uma Pizza Hut e eles aí que remédio. Agora, os assistentes pessoais vão associar muito mais tudo o que é a pesquisa e a nossa necessidade de procurar coisas aos interesses económicos e é um advento que vem aí. Se as redes sociais são importantes são mais que tudo em gerar comunidade, em nos associarmos mas não te podes desviar muito da questão da pesquisa porque é ainda onde se gasta mais dinheiro, agora há empresas a gastarem muito e muito dinheiro todos os dias em Google, quer em anúncios de texto, repara tu tens três linhas de texto e tens que fazer com que a tua marca venda através disto e isto é um exercício criativo muito mais completo do que te darem um mupi para fazeres, quando quase não tens nenhuma barreira, isto aqui é um desafio muito maior. Às vezes nós temos de conseguir que no meio de tanto anúncio conseguir que o nosso se destaque. Isto só levanta questões muito grandes, além que depois há o display, os banners e tudo isso que é um mercado muito grande na internet e move muito mais dinheiro que as redes sociais. No dia a dia das marca há mais trabalho em relação a isto do que as pessoas pensam. Obviamente que isto de criar um banner é a mesma coisa que criar um outdoor, um mupi, no fundo é uma parte do processo e gasta-se muito dinheiro nisto, em banners e meios, pagar à Google etc., obviamente nas redes sociais também se pode investir algum, mas mesmo que seja uma empresa grande para teres uma boa dinâmica precisas de recursos humanos, um coppy writter e um marketeer digital, um coppy writter que saiba fazer umas coisas e nas piores das hipóteses teres um designer a apoiar isto, mas este não precisa de estar a tempo inteiro nisto, ou seja, com estes recursos consegues ter uma atividade nas redes sociais bastante boa, o mais competitiva possível que qualquer marca em Portugal tem. Não precisas de um investimento tão grande assim, o difícil é criar e associar a história. A mensagem é importante mas, a mensagem pode passar pelos assistentes digitais, a pesquisa tem que ser revolucionada, estamos fartos da pesquisa como está e os assistentes sociais vão revolucionar os canais que existirem, os telemóveis ou os carros da Google ou lentes de contato com realidade aumentada, mas tudo isto vais passar por um canal substituto à pesquisa. A grande diferença entre a pesquisa e as redes sociais é que quando estás na pesquisa tu vais procurar algo, quando tas nas redes sociais não estás a procurar nada estás em lazer. É interessante podermos no lazer passar mensagens subliminares e às vezes elas ficam retidas em nós, mas a maior parte das marcas querem vender, mostram preços e dizem que são promoções e isso é marketing direto tentativa de venda rápida, logo é a pesquisa que interessa aí.

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