Durante a Portugal Internet Week, que acaba hoje com o Dia das Compras na Net, a economia digital e o comércio eletrónico foram apregoados como o grande caminho a seguir. Para quem gostava de ter um
negócio online, este
pode ser um guia-exemplo.
O eShow é um certame que todos os anos reúne várias empresas que estão ligadas à área do comércio eletrónico. Na edição de 2014 marcaram presença mais de quatro dezenas de empresas e durante dois dias, 22 e 23 de outubro, foram centenas os visitantes que quiseram conhecer as propostas de valor
para os seus negócios online.
Perante a oportunidade, o TeK assumiu a missão de transformar um
negócio fictício e offline em mais uma peça do ecommerce nacional. No fundo o que tentámos fazer foi responder à questão: é possível ir a uma feira como o eShow e sair de lá com um
negócio online pronto a funcionar?
A resposta é sim, é possível. Pode não sair com uma loja
online complexa e estruturada ao nível daquilo que uma Worten ou Farfetch faz. Mas
pode sair com uma loja
online de nível básico ou intermédio, mas mais importante,
pode sair de lá com uma loja funcional e que tem todos os valores da cadeia do ecommerce.
A escolha das empresas que se seguem não seguiu nenhum critério específico, funcionando apenas como exemplo daquilo que um visitante poderia ter encontrado. Apesar de o eShow já ter terminado, fica aqui um guia do que
pode procurar em futuras versões da mesma feira ou de outras dentro do mesmo género.
1º – Precisamos de um site
para termos a loja online
Fomos falar com a Amen, uma das maiores empresas portuguesas a operar no registo de domínios, de alojamento de sites e de criação dos mesmos.
“Quero criar uma loja online, quais são as minhas opções?” foi a pergunta lançada aos representantes da Amen que estavam no eShow. A resposta veio através do pacote de criação de websites pensados justamente
para o ecommerce.
Existem diferentes pacotes que dão acesso a diferentes características, cada um com o seu preço.
O pacote Starter, o mais básico, garante-lhe uma loja
online que
pode ter até 100 produtos de catálogo divididos em 10 categorias – quer isto dizer que
pode vender um máximo de 1.000 bens diferentes. Custa 147 euros por ano e dá ainda acesso a dez contas de email, ao certificado Trusted Shop, a 1GB de alojamento e a uma capacidade de 10GB de tráfego.
Se precisar de uma loja mais robusta
pode optar pela solução seguinte na escala de preço: chama-se Professional e permite-lhe ter uma loja com 20 mil produtos, com preços em diferentes moedas, com a língua do site em dois idiomas, 100 emails, 2GB de alojamento e 100GB de tráfego. Tudo por um valor próximo aos 295 euros anuais.
Pelo que vimos, de acordo com uma demonstração in loco da Amen, é possível ter uma grande variedade de personalização no site que tanto
pode ser feita via templates – existem bastantes à disposição – como
pode ser feita “à unha” através de HTML caso perceba ou tenha quem perceba.
Uma das vantagens da solução da Amen é que as páginas
online que forem criadas são responsive, isto é, conseguem adaptar-se a diferentes ecrãs
para o caso de serem vistas em smartphones ou tablets. Assim
pode numa primeira fase poupar dinheiro na criação de uma aplicação móvel.
O apoio técnico está garantido e a Amen até faz Open Days em que os clientes podem recorrer à ajuda de especialistas da
empresa que ajudam os clientes a criarem a loja online.
2º – Agora que temos site, queremos um domínio
As soluções da Amen já incluem domínio, mas
para o caso de recorrer a outra
empresa para o desenvolvimento da infraestrutura principal da sua loja,
pode também querer ficar a conhecer uma opção
para a compra de domínios.
Fomos ao stand da DNS.PT, associação portuguesa que gere o domínio de topo nacional. Aí ficamos a saber que o custo anual de um endereço .PT vai rondar os 22 euros, mas se comprar o domínio por cinco anos consegue uma poupança significativa já que só vai gastar 65 euros.
Se está a apostar num
negócio online, faça uma aposta a médio longo prazo pois os resultados podem não surgir no imediato.
Recorda-se que quem estabelecer uma nova atividade através do programa Empresa na Hora vai também beneficiar de um domínio gratuito durante um ano, naquela que é uma parceria que conta com o apoio da DNS.PT.
Além do .PT os interessados podem escolher entre os domínios .EDU.PT, .COM.PT e .ORG.PT – sendo que existe variação de preço mediante a escolha.
3º – Temos um negócio, temos um site e um domínio, mas ainda não temos um sistema que nos garanta pagamentos...
É aqui que entra em ação a EasyPay,
empresa portuguesa que opera no mercado dos pagamentos digitais feitos através da Internet. A ferramenta que a
empresa disponibiliza é fácil de integrar nas páginas
online dos clientes e a melhor parte é o facto de ser gratuita na sua implementação.
O que a EasyPay faz é cobrar uma pequena percentagem do valor da transação, mas mesmo esse valor varia de acordo com o numerário que está envolvido: pois fazer uma transação de cinco euros não
pode custar o mesmo do que fazer uma de mil euros. Mas num exemplo que nos foi dado
para uma transação de cem euros, a taxa retida vai ser próxima aos 25 cêntimos.
A EasyPay tem acordos com as maiores empresas do ramo dos pagamentos como a SIBS, a MasterCard, a Visa e a American Express,e consegue disponibilizar na mesma plataforma várias opções de pagamento. Se o cliente preferir
pode pagar com cartão de crédito ou então pedir um código
para pagar com cartão de débito – uma opção que está disponível
para Espanha, por exemplo.
Sempre que um pagamento é feito, tanto o cliente como o vendedor são notificados da realização do ato. Do lado de quem vende é inclusive feito um alerta-triplo: através de email, SMS e na plataforma online.
Além de uma solução de backoffice, o vendedor também tem à sua disposição uma aplicação móvel
para poder controlar os pagamentos “em movimento”.
PayPal, Unicre, SIBS e PT Pay foram outras das empresas que estiveram no eShow e que também podiam garantir apoio na área dos pagamentos online.
4º – Perfeito. O
negócio já está a andar sobre rodas. E é mesmo isso que nos falta, rodas que levem o nosso produto até aos consumidores
A Nacex era uma das
empresa que estava no certame e que podia assegurar a vertente de logística e distribuição. A atuação centra-se sobretudo na Península Ibérica, mas a
empresa também garante soluções de distribuição
para outros países.
No caso da Nacex a especialidade é a entrega de encomendas abaixo dos 30 quilogramas. O envio de uma encomenda que tenha cerca de cinco quilogramas vai custar ao remetente menos de cinco euros. Mas cada caso é um caso e os acordos são feitos à medida de cada cliente.
A
empresa de distribuição tem um sistema de entrega persistente, isto é, quando o estafeta chega a casa do cliente final é feita uma chamada telefónica caso o cliente não atenda a chamada feita à porta. Esta estratégia, que acaba por ter mais alguns custos
para a empresa, garante no entanto uma taxa de 90% de sucesso de entrega à primeira tentativa.
Portanto venda ioiôs ou outro tipo de produtos de pequeno porte e esta é uma das opções que
pode considerar. Além da Nacex, os visitantes podiam também ver as soluções dos CTT, da Chronopost, da Seur, da MRW e da DHL.
5º – Está tudo. Agora é só começar a faturar. Mas
para isso talvez seja melhorar acrescentar algum valor
online à minha empresa
E a E-Goi tem uma solução que
pode responder justamente a esta necessidade. A organização é 100% portuguesa e trabalha na área marketing multicanal, com grande foco no envio de mensagens de telemóvel e de correio eletrónico.
Para que o trabalho da E-Goi possa ser maximizado a empresa-cliente deve ter uma base de dados de utilizadores, que será depois segmentada: por género, idade, localização.. por aquilo que o cliente quiser. A
empresa até já disponibiliza a segmentação por sistema operativo móvel caso seja esse o desejo do cliente.
A ferramenta da
empresa também permite a fácil construção de newsletters, o que
pode ser uma mais valia
para quem não tem um elemento que perceba de design. Desta forma também
pode poupar algum dinheiro ao não ser necessário contratar um profissional desta área.
Cada campanha, seja por email ou SMS, vai ser devolvida ao remetente em forma de relatório – traz incorporado um grande conjunto de dados valiosos que ajudam a perceber o impacto que a newsletter teve, além de ajudar a afinar a estratégia
para as newsletters seguintes.
E foi-nos dada a garantia de que a solução da E-Goi serve
para todo o tipo de negócios. Para quem precisa de um grande volume de envios há uma modalidade mensal, mas
para as pequenas empresas há a possibilidade de envio de campanhas apenas num dia por exemplo. Os valores começam nos 15 euros.
6º – As suas exigências são o limite
No eShow marcaram ainda presença empresas que podiam garantir a um
negócio muitas outras soluções. Faturação online, Search Engine Optimization (SEO), soluções de Business Inteligence, social media marketing e Costumer Relation Management (CRM) são alguns exemplos.
No entanto acreditamos que
para uma primeira fase os passos e soluções apresentados podem ajudar. Mais uma vez realça-se o facto de os empresários terem à sua disposição uma grande varidade de serviços, de preços e de empresas, bastando uma pesquisa
online para perceber qual a melhor proposta
para os diferentes tipos de negócio.
Se está interessado em criar um
negócio e uma loja online, se não quer perder a onda da economia digital, este
pode ser um primeiro guia de orientação. E da próxima vez que houver uma feira dedicada ao tema vá, assista a palestras e a estudos, entenda todas as vantagens que a Internet lhe
pode dar e converse com as empresas que considerar cruciais.
Dificilmente sairá de lá de mãos a abanar e o mais provável, se estiver realmente empenhado nisso, é que saia de lá como nós saímos: com um
negócio montado.
Rui da Rocha Ferreira
Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico